Época Medieval
A época medieval da literatura portuguesa coincide, do ponto de vista histórico, com a Idade Média e iniciou-se pouco depois da constituição de Portugal enquanto reino independente.
A literatura foi condicionada por factores sociais, políticos e culturais, tais como: a organização social, que assentava numa relaç
ão de vassalagem do servo face ao senhor, a intensa actividade guerreira a que a Reconquista Cristã obrigava e a sociedade essencialmente rural.
O que distingue a lírica galego-portuguesa é que esta não foi um fenómeno circunscrito a um reino: os trovadores que a cultivavam eram portugueses, galegos, leoneses e castelhanos.
Numa fase inicial, a escola predominante era a da lírica galego-portuguesa; posteriormente desenvolveu-se um novo género literário, as novelas de cavalaria, baseadas nas vivências das cortes, que marcam a passagem de uma cultura de difusão oral para uma assente na escrita.
Os grandes focos da cultura eram os mosteiros, onde eram copiadas as grandes obras da literatura do mundo antigo e medieval. A cultura popular, por seu lado, assentava na transmissão oral: jograis e músicos espalhavam narrativas lendárias ou cantigas e outras composições literárias.
Trovadorismo |
Na
![]() Existem diferentes opiniões a respeito do momento inicial da escola literária portuguesa. A 'Cantiga de Guarvaia' ou 'Cantiga da Ribeirinha', de Paio Soares de Taveirós, foi produzida no final do século XII. Por outro lado, há registros de uma poesia mais antiga do que a de Taveirós, como a cantiga “Ora faz host'o senhor de Navarra”, de João Soares de Paiva, na passagem do século XII para o XIII. Os artistas que não vinham de origens nobres eram denominados de jogral. Os jograis eram de origem popular que compunham cantigas acompanhadas de instrumentos como alaúdes, por exemplo. Havia, também, os menestreis, que eram ao mesmo tempo, poetas, contistas e músicos. Eles começaram a ser substituídos pelos trovadores, o que os levou a vida popular. No período da Idade Média, a influência e o poder do Clero era muito forte. Dessa forma, as poesias e cantigas do trovadorismo tinham bases nos valores teocentristas (crença em Deus como centro do universo), uma vez que era a religião quem dava as respostas à sociedade, e não a igreja. As poesias trovadorescas se subclassificam em "Gênero Lírico" e "Gênero Satírico". Esses gêneros ainda recebem outra subdivisão, mais específica, que são:
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- Gênero Lírico:
- Gênero Satírico:
Nas cantigas de amor, o eu lírico, sempre do sexo masculino, expressava sua angustia por um amor platônico, inalcançável. As poesias e cantigas eram escritas para as damas da corte, sendo o homem sofredor e subordinado. Era comum nas cantigas vir a expressão 'coita', que significava sofrimento por amor.
Nas cantigas de amigo, embora o eu lírico seja do sexo feminino, elas eram escritas por homens. O conteúdo das poesias cantadas era a declaração de amor para o namorado, tido como 'amigo'. Elas eram escritas para as mulheres que estavam conhecendo as emoções causadas pelo amor. Em outras cantigas, o contexto era das filhas conversando com a mãe ou as amigas. As poesias também apresentavam a tristeza das mulheres, quando o homem que elas amavam ia para as guerras. Vários temas eram trabalhados nas cantigas de amigo, a saber:
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Barcarolas ou marinhas: são cantigas que fazem referência ao mar ou oceano.
Cantigas da peregrinação ou de romaria: nesse tipo de cantiga de amigo, a indicação é para os momentos em que se está em peregrinação a um santuário ou capela; é um espaço que serve de pretexto para o encontro da mulher apaixonada pelo homem.
Dançadas ou bailia: são cantigas que trazem como plano de fundo as festas, os bailes, momentos em que os casais podem estar mais juntos, pela união dos corpos, ao dançarem.
Alvas, albas ou alvoradas: são as cantigas de amigo que fazem referência ao amanhecer.
Pura Soledade: quando o tema não se encaixa em nenhum dos citados acima.
As poesias satíricas mostravam duas vertentes: as Cantigas de Maldizer e as de Escárnio. As primeiras, de Maldizer, eram compostas por várias sátiras diretas e sem mensagem nas entrelinhas. O linguajar pesado e agressivo são características marcantes nessas poesias, inclusive com o uso de palavrões e palavras de baixo calão.
Ao contrário das de Maldizer, as de Escárnio são repletas de linguagens indiretas, muitos trocadilhos, palavras com duplo sentido e o objeto das críticas não era identificado. A sutileza e a ironia marcam muito bem esse tipo de poesia.
http://generos-literarios.info/mos/view/Trovadorismo/
Novela de cavalaria
Género medieval cuja origem não é ainda certa, embora se aponte a França e a Inglaterra como seu berço. Foi introduzida em Portugal no reinado de D. Afonso III, no século XIII, quando se traduziu para portuguêsA Demanda do Santo Graal. A matéria destas novelas está dividida em três ciclos: 1 - Ciclo bretão ou arturiano, que assenta no rei Artur e seus cavaleiros como figuras centrais;2 - Ciclocarolíngeo, que se desenvolve à volta de Carlos Magno e seus pares;3 - Ciclo clássico, que abrange figurasda Antiguidade Clássica.Destes três ciclos, apenas o arturiano marcou presença em Portugal e segundo J.P. Coelho, in obra citada, a tradução de algumas destas obras teria influenciado "não só os hábitos ecostumes da sociedade medieval portuguesa, mas também a atividade literária". No século XVI, este género literário continua a ser cultivado com muita incidência, embora adaptado ànova visão do mundo veiculada pelo Humanismo. Assim, em Portugal, escrevem-se novelas em português,nomeadamente A Crónica do Imperador Clarimundo, de João de Barros, O Palmeirim de Inglaterra, deFrancisco Morais, O Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda, de Jorge Ferreira de Vasconcelos,etc., que refletem a postura épica e a euforia da expansão lusa, nacionalizando-se, desta forma, o géneroem termos linguísticos e temáticos. http://www.infopedia.pt/$novela-de-cavalaria |
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